segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Hoje lembro-me de tudo. A escuridão que até poucos dias atrás se notava em mim, mudou. Mudou, não sei se para melhor ou pior, mas pelo menos já não existe escuridão.
Todos nós temos memória, temos as nossa recordações de infância (coisas que ainda me fazem falta). Eu, uma criança pequena, absolutamente normal, fui feliz, fui uma criança propriamente inocente como todas as outras. Corria, saltava, sorria sempre, chorava quando me partia toda com as quedas, subia os muros, etc. Recordo esses momentos como se ainda fosse hoje. Ainda está bem nítido na minha memória quando um dia ia ter com a minha melhor amiga de infância, ter tropeçado e ter descido as escadas todas a rebolar, levantei-me mesmo estando aflita do ombro, pois não fiquei à espera que alguém me fosse ajudar a levantar, porém quando olhei para a frente estava lá ela a tapar os olhos e a chorar por mim, naquele momento a dor no ombro não fazia qualquer sentido e abraçamos-nos e choramos as duas, as pessoas passavam por nós e ninguém entendia, assim resumia-se a nossa amizade. Sempre que uma chorava a outra chorava de seguida, os dias e as noites que nas férias passávamos uma com a outra, as quedas que demos e mesmo assim levantávamos-se sempre a sorrir. Era uma amizade perfeita, nada interferia com ela. Bons momentos, hoje lembro-me disso e apesar de já não ser assim orgulho-me, pois passei uma infância feliz, tirando algumas grandes perdas. Os anos passaram e com as circunstâncias do tempo a amizade foi perdendo o brilho. Porém hoje continuo a gostar muito de ti, acredita que sim. Serás sempre a minha melhor amiga de infância.
Com o tempo a passar comecei a crescer, conheci novas pessoas, muitas delas até me tornei grande amiga e outras passaram a meras conhecidas. Mas com a minha personalidade errei sempre em algo. Destruí sempre algo que era essencial.
Aprendi a amar de maneiras diferentes, aprendi a não acreditar em certas palavras e a duvidar de outras.
Hoje depois de tudo não entendo porque é que algumas coisas permanecem iguais, as explicações já foram dadas e mesmo assim está tudo igual, ou em vez disso, querias que estivesse, mas eu sai desse barco depois de tantas tempestades que passei sozinha. Ou menos fiz alguma coisa acertada na minha vida!
Tantas coisas que essenciais foram e serão e nunca mais vão ser como eram, mais uma vez recordo que não tenho orgulho em nada do que fiz. Vou ter saudades do que existiu algum dia

Sem comentários:

Enviar um comentário